sábado, 2 de maio de 2015

25 de Abril (4) - A Biblioteca trouxe músicas de intervenção e poemas sobre a revolução

     Na tarde do dia 24 de abril, o Bi, com a ajuda dos professores Fernando, Eduardo e Luís que criaram o ambiente propício, conseguiu trazer até à EBI de Castelo do Neiva algumas músicas de intervenção nas vozes de Adelino Queirós e Rego Meira, ao som da guitarra e do bandolim.
     Na sala de ginástica do pavilhão de desporto, foi possível, em 2 sessões, levar as canções de Abril a todas as turmas do 2º e do 3º ciclos, com o curso vocacional incluído. 

     Os filmes que se seguem, dão-nos um pouco do tom da festa.







     As fotos tiradas permitem-nos, também, ter uma ideia dos momentos então vividos, dos quais há ainda a registar a declamação de 3 poemas pelos professores Florbela Amaral e Fernando Faria e pela aluna Nádia Santos do 9º A que soube corajosamente aceitar o desafio que lhe foi lançado. O poemas encontram-se mais abaixo para poderem ser apreciados...





Abril de Sim Abril de Não

Eu vi Abril por fora e Abril por dentro
vi o Abril que foi e Abril de agora
eu vi Abril em festa e Abril lamento
Abril como quem ri como quem chora.

Eu vi chorar Abril e Abril partir
vi o Abril de sim e Abril de não
Abril que já não é Abril por vir
e como tudo o mais contradição.

Vi o Abril que ganha e Abril que perde
Abril que foi Abril e o que não foi
eu vi Abril de ser e de não ser.

Abril de Abril vestido (Abril tão verde)
Abril de Abril despido (Abril que dói)
Abril já feito. E ainda por fazer. 


Manuel Alegre
30 Anos de Poesia
Publicações Dom Quixote

Abril de Abril

Era um Abril de amigo Abril de trigo
Abril de trevo e trégua e vinho e húmus
Abril de novos ritmos novos rumos.

Era um Abril comigo Abril contigo
ainda só ardor e sem ardil
Abril sem adjectivo Abril de Abril.

Era um Abril na praça Abril de massas
era um Abril na rua Abril a rodos
Abril de sol que nasce para todos.

Abril de vinho e sonho em nossas taças
era um Abril de clava Abril em acto
em mil novecentos e setenta e quatro.

Era um Abril viril Abril tão bravo
Abril de boca a abrir-se Abril palavra
esse Abril em que Abril se libertava.

Era um Abril de clava Abril de cravo
Abril de mão na mão e sem fantasmas
esse Abril em que Abril floriu nas armas. 


Manuel Alegre
30 Anos de Poesia
Publicações Dom Quixote

O Cravo

A 25 de Abril de 1974
festejou-se a liberdade e o sonho,
com hinos nos lábios,
com votos renovados de esperança.
Com o País aberto à verdade,
e os braços estendidos aos Heróis,
às promessas e à confiança.
Foi dia de luta, de lágrimas,
de adeus às armas, de acolhimento.
De um sorriso para uma certeza.
As prisões e as torturas
queriam-se longe da lembrança,
pois agora reforçavam-se os desejos
de uma Pátria nova, Renascida,
de uma Pátria nova Portuguesa!

Porém,
o tempo passou,
e um cravo rubro, solitário,
ficou na estrada tombado.
As desilusões esmagaram-no
e o Homem Novo ignorou-o,
tomando-o por vinho entornado.

E hoje,
é recordado com brindes e discursos de glória
esse dia que ninguém esqueceu.
Mas há novos pés, no silêncio, a pisarem
aquele cravo de sangue exaltado e vitória
que no auge da festa alguém perdeu!..

No futuro,
uma criança,
brincando na areia da estrada,
encontrará o cravo,
que à Revolução foi ceifado.
Ao romper de uma aurora,
em vigor, plantá-lo-á de novo,
para que a fé não se apague.
E crente nas razões do povo,
na sua justiça, na sua dor,
estará a plantar, sem o saber,
a mais doce força da Saudade,
e o mais intenso poema de Amor. 

Helena de Sousa Freitas, Setúbal, Portugal
     

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