Na sala de ginástica do pavilhão de desporto, foi possível, em 2 sessões, levar as canções de Abril a todas as turmas do 2º e do 3º ciclos, com o curso vocacional incluído.
Os filmes que se seguem, dão-nos um pouco do tom da festa.
As fotos tiradas permitem-nos, também, ter uma ideia dos momentos então vividos, dos quais há ainda a registar a declamação de 3 poemas pelos professores Florbela Amaral e Fernando Faria e pela aluna Nádia Santos do 9º A que soube corajosamente aceitar o desafio que lhe foi lançado. O poemas encontram-se mais abaixo para poderem ser apreciados...
Abril de
Sim Abril de Não
Eu vi Abril por fora e Abril por dentro vi o Abril que foi e Abril de agora eu vi Abril em festa e Abril lamento Abril como quem ri como quem chora. Eu vi chorar Abril e Abril partir vi o Abril de sim e Abril de não Abril que já não é Abril por vir e como tudo o mais contradição. Vi o Abril que ganha e Abril que perde Abril que foi Abril e o que não foi eu vi Abril de ser e de não ser. Abril de Abril vestido (Abril tão verde) Abril de Abril despido (Abril que dói) Abril já feito. E ainda por fazer. Manuel Alegre 30 Anos de Poesia Publicações Dom Quixote |
Abril de
Abril
Era um Abril de amigo Abril de trigo Abril de trevo e trégua e vinho e húmus Abril de novos ritmos novos rumos. Era um Abril comigo Abril contigo ainda só ardor e sem ardil Abril sem adjectivo Abril de Abril. Era um Abril na praça Abril de massas era um Abril na rua Abril a rodos Abril de sol que nasce para todos. Abril de vinho e sonho em nossas taças era um Abril de clava Abril em acto em mil novecentos e setenta e quatro. Era um Abril viril Abril tão bravo Abril de boca a abrir-se Abril palavra esse Abril em que Abril se libertava. Era um Abril de clava Abril de cravo Abril de mão na mão e sem fantasmas esse Abril em que Abril floriu nas armas. Manuel Alegre 30 Anos de Poesia Publicações Dom Quixote |
O Cravo
A 25 de Abril de 1974 festejou-se a liberdade e o sonho, com hinos nos lábios, com votos renovados de esperança. Com o País aberto à verdade, e os braços estendidos aos Heróis, às promessas e à confiança. Foi dia de luta, de lágrimas, de adeus às armas, de acolhimento. De um sorriso para uma certeza. As prisões e as torturas queriam-se longe da lembrança, pois agora reforçavam-se os desejos de uma Pátria nova, Renascida, de uma Pátria nova Portuguesa! Porém, o tempo passou, e um cravo rubro, solitário, ficou na estrada tombado. As desilusões esmagaram-no e o Homem Novo ignorou-o, tomando-o por vinho entornado. E hoje, é recordado com brindes e discursos de glória esse dia que ninguém esqueceu. Mas há novos pés, no silêncio, a pisarem aquele cravo de sangue exaltado e vitória que no auge da festa alguém perdeu!.. No futuro, uma criança, brincando na areia da estrada, encontrará o cravo, que à Revolução foi ceifado. Ao romper de uma aurora, em vigor, plantá-lo-á de novo, para que a fé não se apague. E crente nas razões do povo, na sua justiça, na sua dor, estará a plantar, sem o saber, a mais doce força da Saudade, e o mais intenso poema de Amor. Helena de Sousa Freitas, Setúbal, Portugal |
Sem comentários:
Enviar um comentário