No passado mês de março, ainda com a primavera quase a chegar, as flores começam já a despontar, aqui e ali, com o seu vivo colorido, por entre o verde da Natureza...
Foi o que aconteceu na nossa escola quando, de um dia para o outro, ela se viu enfeitada de flores recheadas de poesias...
A D. Patrícia, ajudada por alguns pequenos e jovens duendes, teve a honra de semear essa magia!
Vejam como ela aconteceu no dia 18 de março...
Para quem não conseguiu ler todas as poesias que foram espalhadas aos quatro cantos da escola, aqui fica a reprodução de algumas, dedicadas aos mais jovens.
É a sombra
das folhas verdes
de todas as árvores
do mundo.
E debaixo da sombra,
Os ovos brancos
Das aves:
Suas asas livres,
Em caixa redonda,
De sombra,
Onda.
Matilde Rosa Araújo, “A sombra”,
In A Guitarra da Boneca (1983)
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Era uma vez um dia de
Abril,
um dia de chuva, com o
sol a espreitar
e no céu, a brilhar,
um arco de cores.
Uma era vermelha,
outra alaranjada,
havia uma verde, uma
amarelada,
uma violeta, uma era
azulada
e uma outra anil.
Que arco tão lindo
brilhava no céu!
O nome arco-íris não
sei quem lho deu.
Regina
Gouveia, “Arco-íris”,
In Ciência Para Meninos e Poemas Pequeninos
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O sol estava tão
cansado
E viu mesmo ali ao
lado
Uma nuvem tão branquinha.
- Como foi que
apareceu
Esta almofada tão
fofinha?
Vou dormir uma soneca.
Um pastor olhou para o
céu:
- Onde é que o sol se
meteu?
Preciso do calor seu,
Já não me chega a
jaleca.
Regina Gouveia, “Sol de
Inverno”
In Ciência Para Meninos e Poemas Pequeninos |
O girassol
Que tanto gira,
Que nunca para,
Para estar de cara
Virada ao sol.
O girassol;
Vira que vira, como
quem dança
Um tango a solo;
O girassol,
Não me admira
que um dia arranje
um torcicolo.
Raul Malaquias Marques “Girar ao
sol”
In Conto Estrelas em ti (2003)
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Dia
de Verão. Hora de sesta.
Queres
uma festa? – disse a urtiga à mão.
Esta,
esquiva, disse que não.
Depois,
que sim.
Irra!
E a
sesta acabou em comichão.
António Torrado, “A urtiga e
a mão”
In Conto Estrelas em ti (2003)
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Rente
à folhagem do lago,
Onde
inda há pouco dormia,
Nas
águas espelha o afago
Da
luz desperta por um mago
Na
terra ao nascer do dia.
Vergílio Alberto Vieira
“Libelinha linda, libelinha feia”
In Conto Estrelas em ti (2003)
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O
canário fugiu da gaiola
E o
gato comeu
Sem
ninguém reparar.
Desde
então
Quando
o gato olha para o céu
Ouve-se
um canto ao luar.
Mário Castrim “História”
In Conto Estrelas em ti (2003)
|
O
escuro e o silêncio
À
esquina se encontraram.
Toda
a noite conversaram,
Em
altas vozes falaram.
Ninguém
os viu,
Ninguém
ouviu
Tirando
eu.
João Pedro Mésseder “Noite”
In Conto Estrelas em ti (2003)
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Ao fim da tarde
Uma rodela de sol
Ficou na ponta da
pedra mais alta.
Lancei-me a correr
A ver se apanhava
A moeda de ouro.
Mas quando lá cheguei
Já a noite a tinha
guardado
No bolso do capote
Para comprar
o dia seguinte.
Mário Castrim “A moeda”
In Conto Estrelas em ti (2003)
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Na
escola da poesia
Ninguém
tem notas para lhe dar,
Pois
ela não está
Nem
nunca esteve
Ali
só para passar.
Tem
um desejo apenas:
Ficar
no coração
De
quem a quiser lembrar.
José Jorge Letria “A casa
da poesia”
In A casa da poesia (2009)
|
A
poesia vai à escola
Com
um bife feito de versos,
De
mãos dados com os meninos
Que
lhe querem perguntar
Qual
é a idade certa
Para
a poesia se revelar.
José Jorge Letria “A casa
da poesia”
In A casa da poesia (2009)
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Luzinha amarela no
prado cantando,
P’la vozinha dela é
que eu me comando!...
Com ela na noite não
há solidão,
Há um brilhozinho em
cada canção!
Luzinha amarela,
porque brilha assim?
Parece uma estrela
pertinho de mim!
Pertinho de mim, por
mais longa a noite,
Não há solidão,
enquanto a luzinha
Encher este prado de
luz e canção!
Alexandre Parafita “O vaga-lume”
In Conto Estrelas em ti (2003)
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Levarás pela mão
O menino até ao rio.
Dir-lhe-ás
Que a água é cega e
surda;
Muda não.
Que o digam os peixes,
Que em silêncio
Com ela sustentam
Seu diálogo líquido,
De líquidas sílabas
De submersas vogais.
Albano Martins “Diálogo”
In Conto Estrelas em ti (2003)
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A
poesia anda de metro,
Ou
nos elétricos da cidade,
Sem
ter pressa de chegar,
Porque
isto de não ter pressa
É a
sua liberdade,
E é
de liberdade
Que
se gosta de alimentar.
José Jorge Letria “A casa
da poesia”
In A casa da poesia (2009)
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