O dia da Mãe
Este dia tem a forma
de um beijo e de um abraço,
Mesmo quando a mãe chega
Vergada pelo cansaço
e lhe pomos ao pescoço
O colar do nosso afeto
que, mesmo não sendo de ouro,
será sempre o predileto.
Este dia tem a forma
de borboleta e de flor
e a doçura da carícia
que tempera o nosso amor.
José Jorge Letriade um beijo e de um abraço,
Mesmo quando a mãe chega
Vergada pelo cansaço
e lhe pomos ao pescoço
O colar do nosso afeto
que, mesmo não sendo de ouro,
será sempre o predileto.
Este dia tem a forma
de borboleta e de flor
e a doçura da carícia
que tempera o nosso amor.
Para Sempre
Por que Deus permite
que as mães vão-se
embora? Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.
Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
— mistério profundo —
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.
Carlos Drummond de Andrade, in 'Lição de Coisas'
Mãe:
Que desgraça na
vida aconteceu,
Que ficaste
insensível e gelada? Que todo o teu perfil se endureceu
Numa linha severa e desenhada?
Como as estátuas, que são gente nossa
Cansada de palavras e ternura,
Assim tu me pareces no teu leito.
Presença cinzelada em pedra dura,
Que não tem coração dentro do peito.
Chamo aos gritos
por ti — não me respondes.
Beijo-te as mãos e
o rosto — sinto frio. Ou és outra, ou me enganas, ou te escondes
Por detrás do terror deste vazio.
Mãe:
Abre os olhos ao
menos, diz que sim! Diz que me vês ainda, que me queres.
Que és a eterna mulher entre as mulheres.
Que nem a morte te afastou de mim!
Miguel Torga, in 'Diário IV'
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